Uma manhã de domingo atípica

abril 18, 2021

Sempre que ia ao trabalho de manhã, principalmente nesses dias mais frios, eu percebia o nevoeiro por entre as serras, e em todas as vezes, minha vontade era parar o carro para fotografar, mas como no cotidiano os horários são apertados, foi em uma manhã de domingo que decidi pegar minha mochila e sair de casa com a intenção de ver o sol nascer.

Coloquei o despertador para as 06h20 crente que o sol nasceria as 7, o que não fazia sentido porque meu horário de trabalho é às 7, e antes das 06h45 quando eu descia a serra próximo de casa ele já tinha nascido. 

Enfim, mesmo com essa "confusão horária", consegui acordar às 05h40.

Não precisei de despertador, e acordei antes do que imaginava acordar :)

Então, eu vestida com meu pijama cinza que dizia, seja positivo (em inglês) e com meu tênis gigante cor de rosa, também usando uma mochila verde musgo desbotada que continha a garrafa de água, o celular, o fone de ouvido, a câmera e o terço, eu saí... Com esse kit comecei o meu caminho.

Estava friozinho às 06h20 quando saí de casa. O sol começava a apontar no horizonte, e eu achava que iria perder o tempo chegando lá no local tarde demais para ver as névoas entre as montanhas, mas segui, afinal, já estava indo.

Fui em oração por uns dois quilômetros, e esperava ver a corujinha que sempre fica em uma chácara por onde eu passo de manhã, mas ela não estava lá.

Após enfim chegar no local, fiquei feliz por conseguir ver o que eu esperava.


Acredito que com o passar do tempo e com os dias estando mais frios, os nevoeiros serão mais frequentes e intensos.

Mas mesmo com um pouco de névoa, a vista estava maravilhosa, então observei por um tempo a paisagem.

Montanha após montanha o mundo se torna um longínquo espaço a ser admirado. As vezes me pego pensando também, que alguém, do outro lado está vendo o sol nascer olhando diretamente na minha direção. Alguém que talvez tenha as mesmas inseguranças, os mesmos sonhos, ou alguém com mais (ou menos) dificuldades... A conexão existe no olhar, na observação... Mesmo de longe.

E é na imensidão que pensamos quanto é bom também nos fazermos companhia. Estar só é muitas vezes assustador e triste, mas em outras tantas é também um carinho. Saber que só você com você mesmo divide alguns momentos... Momentos que ficarão apenas na sua memória, e na de mais ninguém. Porque afinal, os pontos mais importantes da nossa vida passamos sozinhos. Tudo o que sentimos ninguém mais sente, então se dar o prazer da própria companhia deveria ser uma obrigação de todos nós, mesmo que de vez em quando.

Depois dos devaneios e reflexões, e após tirar diversas fotos dessa paisagem (com configurações diferentes na câmera), subi de volta ao caminho de casa, porém, decidi pegar o caminho mais longo (quase morri, mas estou aqui).


Pelo outro caminho fui vendo outras mostras da natureza, belas plantas como esse capim que cresce muito nos terrenos baldios e beiras de estrada. Ele tem essa espécie de pluma vermelha nas pontas... 

Enche campos inteiros e tudo acaba ficando mais belo e poético.

No momento dessa foto, o sol estava contra o campo, e deixava todo o capim brilhante, chamando muito a minha atenção.


As estradas no caminho que tomei para casa também estavam repletas dessas belas flores laranjas, então as fotografei várias vezes (em diversos pontos), para guardar de recordação, e ter a melhor posição delas de acordo com a luz.

Havia montes delas também perto de um portão de madeira, que fica em frente à uma chácara de um morador antigo do meu bairro.


Além das flores, animaizinhos do campo também me fizeram companhia.

Essas aqui são algumas das aves da minha tia. Elas vivem soltas assim, na maior tranquilidade, pastando pela estrada.

Fui tirando algumas fotos de longe, porque a partir do momento que fui me aproximando elas se refugiaram de volta ao terreno protegidas pela cerca.


Aqui temos uma vaquinha simpática que enquanto me olhava passando na estrada, estava comendo sua folhagem matinal.

Logo logo o pasto rareia, tudo começa a secar. As estações vão mudando e, enquanto no verão tudo cresce demasiado, no outono e no inverno tudo dá um descanso, um respiro, como dizendo que é hora de conter a velocidade dos passos, e esperar.


Já no final da caminhada, bem perto de chegar em casa, esse pé de caqui me chamou atenção. Estava super carregado. Maravilhoso de tantos frutos laranjas.

Na minha casa (na infância), tínhamos pés de caqui que acabaram secando um tempo atrás. Me lembrei de quanto a paisagem e o mundo vão mudando com o passar dos meses e anos. Não temos controle nenhum sobre isso, mas é bom contar com memórias e fotografias que nos ajudam a lembrar de como tudo era.

Essa casa ao fundo eu também costumava visitar muito por volta dos meus 15/16 anos. A senhora e o senhor que passavam aí o final de semana já morreram há um bom tempo. Me pergunto como eles veriam a paisagem agora...



Cheguei em casa por volta das 08h00 da manhã e decido que devo fazer isso mais vezes. Sair por aí, fotografando, vendo belas paisagens e ouvindo umas músicas boas pelo caminho.

Não editei a primeira foto, pois, achei que ao natural ficou bonito. A receita das outras, foi feita no Lightroom, e eu peguei o passo a passo no Pinterest.


Receitinha: 

Exposição: + 0.58
Contraste: -12
Highlights: -100
Sombras: +58
Brancos: -100
Negros: +21
Temperatura: +29
Tint: -15
Vibrance: +25
Saturação: -10

Dentro da guia cores:
Vermelho: H: -15, S: +52, L: -20
Laranja: H: -6, S: +27, L: -15
Amarelo: H: -59, S: -46
Verde: H: -100, S: -76, L: -100
Azul Claro: H: +48, S: +48, L: +26
Azul: S: -100, H: -47

Esse dia me fez pensar em quanto tenho que tentar, (como na fotografia), olhar as coisas por outra ótica, outros ângulos, e tentar enxergar sempre o melhor de tudo. Por mais que eu me perca em vários caminhos, e as vezes fique confusa com muitas coisas, que nós (eu e você, caro leitor), possamos não desistir de continuar a caminhada, e chegar ao destino para ver as lindas paisagens que o mundo nos oferece.

Deixo como final de post essa frase de São Josemaria Escrivá, sacerdote, fundador da Opus Dei, que difundiu o alcance da santidade no cotidiano.

Podemos sim ser santos, no nosso trabalho, nos nossos estudos, no nosso dia a dia...

Tudo se resume no amor meus caros. No verdadeiro amor.


"Às vezes, fala-se do amor como se fosse um impulso para a satisfação própria, ou um simples recurso para completarmos em moldes egoístas a nossa personalidade. E não é assim: amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria com as raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor. Uma dor que se saboreia, que é amável, que é fonte de íntima alegria, mas que é dor real, porque supõe vencer o egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma de nossas ações." -São Josemaria Escrivá




#PraCegoVer: Imagem 1: Montanhas ao nascer do sol no começo do outono. Névoas recobrem os vales;
Imagem 2: Capim com plumagem vermelha nas pontas contra o sol que os fazem brilhar;
Imagem 3: Diversas flores laranjas como margaridas em botões e abertas;
Imagem 4: Portão de madeira à direita, e a esquerda mais flores laranjas;
Imagem 5: Um galo e duas galinhas na estrada comendo insetos e plantinhas;
Imagem 6: Uma vaquinha preto e branco pastando tranquilamente;
Imagem 7: Um pé de caqui (fruto laranja parecido com um tomate) carregado, ao fundo uma casa e outras árvores.







"Omnes enim Christus, nihil sine Maria"


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