Sobre a imensidão

novembro 01, 2020



Estamos tão absortos com coisas automáticas e eletrônicas que acabamos não tendo tempo para apreciar esses tipos de vista.

Em uma de minhas folgas, eu e minha irmã decidimos caminhar cerca de 12 km em uma travessia entre meu bairro e o bairro vizinho. No caminho muitas paisagens dignas de fotos, muitos animais em seus habitats e muitas coisas diferentes para ver.

No início da caminhada, o vento frio da manhã cortava nossos rostos, nos fazia encolher, e com isso rimos a ponto de imaginar que jamais sentiríamos nos aquecer, logo após o primeiro quilometro, o sol começou a dar as caras e iluminar o lago que foi a primeira bela visão que pudemos contemplar.

Enquanto a caminhada se avançava, fui fotografando as vistas e as flores pelo caminho.



Durante o trajeto vimos uma floresta de eucaliptos sendo derrubada para o uso da madeira, e dentro dessa floresta havia uma casinha de madeira (que futuramente pretendo explorar) muito bonita por sinal.

Havia meses que não chovia, por isso a paisagem estava amarelada, mas durante a mudança das estações ela vai ficando mais verde e mais cheia.

Chegando no bairro vizinho, as construções antigas nos lembraram da história que já se passou. A igreja imponente nos mostra que ainda hoje a fé é presente e grandiosa. As pequenas flores e capelinhas nos lembraram a singeleza e a humildade.

Tudo isso em 12 km.

Isso nos faz perceber o quanto o mundo é gigante, e mesmo na travessia de um bairro para o outro podemos ver paisagens que não estamos habituados a contemplar. Nos faz pensar também o quanto a gente perde não explorando lugares por perto da gente, e achando que as viagens longas para outra cidade, estado ou país são as que valem.

Existe muita beleza aqui. Perto da onde a gente vive, trabalha, estuda... O que acontece é que não paramos para ver... Para enxergar além do que costumamos prestar atenção.




Eu sempre presumi que a imensidão fosse bem mais distante do que ela realmente é. A imensidão na realidade é a extensão de nós mesmos em relação ao nosso meio. É muito mais distante talvez um bairro vizinho ao nosso, do que ir à outro país, não do ponto de vista lógico, mas sim do prático.

Com passagens na mão, e malas prontas, você acaba indo para lugares distantes, mas deixa de apreciar a imensidão dos lugares na redondeza de onde mora.

Dentro do meu próprio bairro eu descobri pessoas e construções diferentes, ambientes alterados, seja pelo plantio ou pela "invasão imobiliária", desmatamentos, ou então mudanças naturais...
Mas ainda existem coisas que permanecem como eram há décadas atrás.

Tenho primos que são crianças ainda, e sempre me imagino que tipo de meio ambiente eles terão ao crescer.

Aqui próximo de casa, havia uma pedra grande e bonita no meio do caminho. Essa pedra foi implodida final do ano passado por conta da expansão imobiliária. Quantas vezes eu sentava nessa pedra e ficava observando o lago que existe em frente... Coisas que esses meus primos nunca verão.

A imensidão de nós mesmos nos estendendo ao que somos e sentimos.



Quero que essas fotografias feitas nesse dia de caminhada (Fazenda Velha - Tapera), eternizem a paisagem, para que um dia, quando tudo isso mude, as pessoas possam saber como um dia isso foi. E através delas hoje prestarem atenção na imensidão que temos ao nosso redor.

Aqueles que já foram jamais viram as mudanças na paisagem, aqueles que estão, mal se dão conta delas, e só percebem meses depois essas transformações que acontecem diariamente, os que virão perdem toda a história por não existir quem as registre.

Em meio de tantas selfies, parem um pouco para analisar tudo que está a sua volta. 

Não deixe de perceber a imensidão que existe do seu lado.




#PraCegoVer: Primeira imagem: Montanhas, pinheiros chamados araucárias, e mata nativa mesclada com pastos para criação de gado.
Segunda imagem: Detalhe do cacho de flores vermelhas da árvore bico-de-pato.
Terceira imagem: A árvore bico de pato com pétalas caídas no espelho d'água.
Quarta imagem: Um gavião pousado em um mourão de cerca, atrás montanhas, que mesclam mata nativa e pastagem.





"Omnes enim Christus, nihil sine Maria"





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